Mensagem do Dia do Cineclube 2023
DIA DO CINECLUBE 2023
No Dia do Cineclube, celebremos o cinema, criador de mundos impossíveis e tempos paralelos, povoados por corpos de luz e de sombra, que nos seduzem e em que projetamos as nossas emoções, da alegria ao riso, da sideração ao terror.
Comemoremos, com cada cineclube, uma comunidade de olhares em que cada um de nós inventa um cinema para si mesmo, na esperança de partilhar essa experiência individual, através de uma fala comum, uma conversa vadia e a revisitação em grupo.
Celebremos a construção de uma memória sem a qual não é possível compreender o cinema, a sua história e a linguagem que ele reinventa em cada plano, em cada corte ou encadeado, em cada panorâmica ou travelling.
Cultivemos o imprescindível sentido crítico, mas não abandonemos a cinefilia enquanto rendição subjetiva à legitimação de um gosto. Acreditai que não são contraditórios. Foi com a cinefilia que se foi fazendo, à velocidade de 24 fotogramas por segundo, a história do cinema. E foi a partir dela que o cinema se legitimou e conquistou o direito de fazer parte da história da cultura e da arte da nossa modernidade e da nossa contemporaneidade, esse lugar que Godard reivindicava em 1959, defendendo, para escândalo de muitos, o princípio de que um filme de Hitchcock era tão importante como um livro de Aragon.
Mantenhamos vivo o ritual de sair para o espaço público de uma sala de cinema. Não por qualquer nostalgia serôdia, mas para ver cinema no seu lugar identitário, a sala escura, com o feixe de luz que a atravessa, na ânsia de atingir o ecrã onde, quando este se ilumina, nasce um mundo maior do que o nosso, onde atualizamos o nosso desejo, numa viagem que faz de nós viajantes sem residência fixa, comprometidos com uma errância que concilia o prazer com uma interrogação sobre os sentidos do mundo e sobre a nossa relação com ele. O que o cinema nos pede é que habitemos esse mundo como se fosse o nosso. Como, na realidade, é. Só na sala de cinema podemos viver a experiência de pertencer a uma comunidade de espectadores, enquanto lugar de convivialidade, descoberta e liberdade.
Abílio Hernandez
No Dia do Cineclube, celebremos o cinema, criador de mundos impossíveis e tempos paralelos, povoados por corpos de luz e de sombra, que nos seduzem e em que projetamos as nossas emoções, da alegria ao riso, da sideração ao terror.
Comemoremos, com cada cineclube, uma comunidade de olhares em que cada um de nós inventa um cinema para si mesmo, na esperança de partilhar essa experiência individual, através de uma fala comum, uma conversa vadia e a revisitação em grupo.
Celebremos a construção de uma memória sem a qual não é possível compreender o cinema, a sua história e a linguagem que ele reinventa em cada plano, em cada corte ou encadeado, em cada panorâmica ou travelling.
Cultivemos o imprescindível sentido crítico, mas não abandonemos a cinefilia enquanto rendição subjetiva à legitimação de um gosto. Acreditai que não são contraditórios. Foi com a cinefilia que se foi fazendo, à velocidade de 24 fotogramas por segundo, a história do cinema. E foi a partir dela que o cinema se legitimou e conquistou o direito de fazer parte da história da cultura e da arte da nossa modernidade e da nossa contemporaneidade, esse lugar que Godard reivindicava em 1959, defendendo, para escândalo de muitos, o princípio de que um filme de Hitchcock era tão importante como um livro de Aragon.
Mantenhamos vivo o ritual de sair para o espaço público de uma sala de cinema. Não por qualquer nostalgia serôdia, mas para ver cinema no seu lugar identitário, a sala escura, com o feixe de luz que a atravessa, na ânsia de atingir o ecrã onde, quando este se ilumina, nasce um mundo maior do que o nosso, onde atualizamos o nosso desejo, numa viagem que faz de nós viajantes sem residência fixa, comprometidos com uma errância que concilia o prazer com uma interrogação sobre os sentidos do mundo e sobre a nossa relação com ele. O que o cinema nos pede é que habitemos esse mundo como se fosse o nosso. Como, na realidade, é. Só na sala de cinema podemos viver a experiência de pertencer a uma comunidade de espectadores, enquanto lugar de convivialidade, descoberta e liberdade.
Abílio Hernandez
FPCC - Federação Portuguesa de Cineclubes | 13 Abril 2023