Origem e Antecedentes do Projeto
Ao longo da história, os Encontros Nacionais de Cineclubes têm sido momento cruciais para o movimento cineclubista e um espaço privilegiado para pensar e intervir no cinema português. Sendo inclusivos e abrangentes, os Encontros tem sido marcados marcados pela diversidade de debates e de participantes, tentando reunir o maior números de representantes e de sensibilidades.
O primeiro Encontro Nacional de Cineclubes realizou-se em 1955, em plena ditadura, e num momento particularmente sensível em que o Estado Novo, através da PIDE e do SNI, procurava silenciar um movimento cada vez mais inconformado com a política cultural do regime. O incómodo acentuou-se até à proibição do que seria o quinto Encontro, previsto para 1959, seguido de outras formas de repressão, como o encerramento ilegal de vários cineclubes e de prisões de vários dirigentes cineclubistas.
Devido ao violento regime de perseguição e repressão movido ao movimento cineclubista, o Encontro Nacional não se realizaria mais em tempo da ditadura. Poucas semanas após o 25 de abril de 1974. o Encontro Nacional voltou a realizar-se, com quatro edições durante o PREC, quando o contributo dos cineclubistas foi decisivo para a refundação do cinema português após quase cinco décadas de ditadura.
A partir de 1976, os Encontros Nacionais passaram a ser mais espaçados no tempo, mantendo o mesmo espírito reflexivo e interventivo sobre os problemas que foram condicionando a exibição cinematográfica em Portugal: os desafios do digital, da proliferação das novas plataformas de exibição alternativa, a redefinição do quadro de políticas públicas locais e centrais, entre outros assuntos. No período democrático, o movimento cineclubista sofreu importantes reconfigurações, com o aparecimento de novas gerações de dirigentes e de associados, mas mantém uma tradição de exigência e um inconformismo cívico que marcou o percurso histórico do movimento tanto nacional como internacionalmente.
A lista dos Encontros Nacionais já realizados dão uma panorâmica destes factos:
Edição | Cidade | Ano |
I | Coimbra | 1955 |
II | Figueira da Foz | 1956 |
III | Lisboa | 1957 |
IV | Santarém | 1958 |
V | Torres Vedras (proibido pela PIDE) | 1959 |
VI | Aveiro | 1974 |
VII | Vila Franca de Xira | 1974/1975 |
VIII | Torres Vedras | 1976 |
IX | Espinho | 1977 |
X | Torres Vedras | 1982 |
XI | Faro | 1987 |
XII | Guimarães | 1995 |
XIII | Aveiro | 2000 |
XIV | Porto | 2001 |
XV | Torres Novas/Vila Nova da Barquinha | 2006 |
XVI | Viseu | 2007 |
XVII | Horta | 2008 |
XVIII | Abrantes | 2009 |
XIX | Barreiro | 2010 |
XX | Santarém | 2011 |
XXI | Santarém | 2012 |
XXII | Porto | 2014 |
XXIII | Faro | 2018 |
XXIV | Curia, Anadia | 2019 |
XXV | Póvoa de Varzim | 2021 |
A 25.ª edição terá como focos temáticos centrais a “Cultura cinematográfica no Portugal profundo”. Debater-se-á o peso da Geografia na cultura do Cinema em Portugal, e de que forma as assimetrias regionais se espelham na diversificada atividade cineclubista. Como se caracteriza o tecido da exibição em Portugal, e como pode ser possível a construção de sinergias entre o cineclubismo e os municípios. Além de aflorar um tema crítico que o confinamento acentuou, que é a dialética entre a experiência cinematográfica na sala escura e a experiência online.
O Encontro de 2021 realizar-se-á nos dias 4 e 5 de dezembro no Hotel Axis Vermar, na Póvoa de Varzim. É uma co-organização com o Cineclube Octopus que conta com o apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), e o apoio logístico do Município e do Hotel.