Nos últimos anos já tínhamos notado novas ações concretas numa lógica cineclubista, sinal de que o movimento podia ser de crescimento, embora as nossas estruturas se debatam com diversas e imensas dificuldades de sobrevivência. Recentemente surgiram cineclubes em Chaves, Penafiel e Espinho, mas no último ano e meio em Montemor-o-Novo, Almada, Pombal, Costa da Caparica (CC Impala), Lisboa (Alvalade CC), Porto (Campanhã CC), há sinais de nova atividade. E alguma dela já digna de ser conhecida, como será o caso nesta edição do ENCC da iniciativa alentejana.
Essencialmente, o ENCC visa fortalecer os contactos e o conhecimento entre os dinamizadores deste movimento dispersos pelo continente e pelas ilhas. Apesar da nossa diversidade há uma paixão que nos une e essa é nossa maior força. Uma força ainda volátil, que se deve situar entre as três e as quatro dezenas, mas a necessitar de conjugar esforços para se concertar ações em defesa da sua singularidade junto das entidades estatais.
O mundo hoje está a viver tempos desafiantes, uma era que irá ser recordada pela pandemia e todos nós temos vivido a experiência do confinamento e da limitação de contactos. Que nos afastou da convivência, que não nos permitiu o encontro.
Os cineclubes vivem do encontro, da presença, do e para o público. E durante algum tempo não nos foi permitido ser. Fomos interrompidos de ‘ser’, apesar de existirmos.
O cineclube pode e deve ser um espaço de aprendizagem e debate em prol da arte cinematográfica. É também um parceiro efetivo de muitos eventos na Póvoa de Varzim como são os casos das Correntes D’Escritas e do Festival Internacional de Música.
Nunca foi escrita a sério a história do cineclubismo em Portugal e é uma tarefa que urge empreender, enquanto alguns dos seus principais dirigentes ainda se encontram vivos e com hipóteses de recordarem os aspectos mais marcantes dessa história.
O Cinema incentiva o espírito crítico, tendo o poder de expressar os ideais de uma cultura e, assim moldá-la pela liberdade de expressão e interpretação. O cinema é uma expressão artística dominante da nossa sociedade e os filmes são uma ferramenta linguística que nos dá a capacidade de formar ligações humanas duradouras na medida em que nos permitem compartilhar as nossas experiências e a nossa visão do tempo e espaço em que vivemos. Criamos o CINECLUB BAIRRADA e aderimos ao cineclubismo para afirmação da cultura da nossa região e para a propagação de valores que nos unem, nomeadamente do espaço territorial Bairrada e tudo o que ele representa, Bairrada essa que queremos também transformar num território cinematográfico.