Convergências e divergências entre Cinema e Audiovisual

Cinema e audiovisual. Duas faces da mesma moeda? Ou duas artes distintas? A verdade é que desde o seu surgimento, a televisão apoderou-se de temas, técnicas narrativas e códigos de construção cinematográfica, que adaptou à nova arte. Mas as semelhanças não procuraram esconder as diferenças, algumas delas impostas pelas limitações técnicas do novo meio (como a menor resolução da imagem e a dimensão reduzida do écran), outras pela própria ambiência social a que se destinam (a sala escura partilhada com estranhos e a sala de estar da família). A isso juntam-se nos nossos dias, a pulverização de canais e plataformas de distribuição e exibição que o mundo digital veio permitir, o que nos impele a interrogar até que ponto esses novos meios de ver cinema/audiovisual irão alterar os seus códigos de construção. E, a culminar tudo isso, os confinamentos impostos pela pandemia vieram afastar ainda mais o espetador da sala escura e empurrá-lo para o pequeno (cada vez mais pequeno) écran, o que nos leva a questionar se essa alteração será passageira, ou se estaremos perante um “legado pandémico” mais permanente na forma como nos relacionamos com o cinema e o audiovisual.